"A vida para ser bela, deve estar cercada de verdade, de bondade, de liberdade.
Essas são coisas pelas quais vale a pena morrer" Rubem Alves

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Biscoito fino para a gurizada
Publicado no Jornal OTEMPO em 11/10/2010
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DANIEL BARBOSA
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FOTO: MARCELO TINOCO / DIVULGAÇÃO
Família. Projeto "Pequeno Cidadão" une pais músicos e seus filhos em torno de uma ideia
Com a proximidade do Dia das Crianças, é comum chegar ao mercado de CDs e DVDs uma verdadeira enxurrada de produtos destinados a elas. Boa parte dos que vêm à luz este ano, contudo, é capaz de encher os olhos - ou melhor, os ouvidos - também de um público adulto mais exigente. A razão é simples: são produtos que trazem a assinatura de representantes da MPB mais comprometida com a qualidade que, independente do momento mercadologicamente favorável, resolveram se dirigir tamém à gurizada.
Entre os títulos que estão saindo agora ou chegaram a pouco, figuram os DVDs "Dois É Show", de Adriana Partimpim, e "Pequeno Cidadão", do quarteto formado por Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra, Antonio Pinto e Taciana Barros, e o CD "Rádio Osquindô", da banda Osquindô, que se dedica a recriar cantigas de roda e parlendas. Eles se somam ao mais recente álbum do Pato Fu, "Música de Brinquedo", que, lançado há cerca de dois meses, não foi concebido como um disco infantil, mas acabou, naturalmente, atraindo a atenção das crianças.
Os artistas envolvidos com esses trabalhos não acreditam que isso reflita uma tendência. Eles consideram, antes, que se trate de uma tradição que encontra lastro em grandes nomes da MPB de outrora. "É uma coisa que vem de Braguinha, Caymmi, Martinho da Vila, Chico Buarque. Sempre achei generoso da parte dos grandes autores se dedicarem à composição para crianças", diz Adriana Calcanhoto, que encarta a Partimpim.
Taciana Barros também acha que a adesão da MPB "adulta" ao universo infantil se renova de geração para geração. "Tenho um filho de 22 anos e um filha de 9, então estou às voltas com música para criança há 22 anos. Se a gente garimpar, sempre existiu coisa boa. Tem o Palavra Cantada, que está aí há mais de dez anos fazendo um trabalho de qualidade, tem o André Mehmari, que fez Beatles ao piano para crianças (pela série MPBaby), e eu mesma, quando criança, ouvia Braguinha, depois ‘Arca de Noé’, ‘Saltimbancos’, essas coisas", diz.
Fernanda Takai, do Pato Fu, faz coro: "Existe esse mercado, mas não vejo um viés meramente mercadológico nesses trabalhos. O que acontece é que nossa geração está pensando numa forma de a música ser interessante para toda a família. Temos crianças em casa, então somos ouvintes e espectadores desse universo", diz.

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